Folhetim – 8 de março de 2021
OBLATOS DE MARIA IMACULADA
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, PAZ E INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO
“UMA NAÇÃO É UM PROJETO DE VIDA EM COMUM” – Ortega y Gasset
IRMÃ DOROTHY. Há 16 anos ocorria sua morte (2005-2021). Ela amou profundamente a floresta e os povos da floresta. Ela viveu 40 anos no Brasil e desenvolveu sua atividade pastoral junto aos povos do Nordeste e Norte. Foi brutalmente assassinada em 12 de fevereiro de 2005, aos 73 anos de idade, a mando de grileiros de terras públicas. Ainda que tenham ocorrido cinco condenações pelo assassinato de Dorothy, os conflitos e as mortes por causa da terra nunca diminuíram. De 2015 a 2020 já foram assassinadas 19 pessoas somente em Anapu, Pará, casos até hoje sem solução. Avançam sobre a Amazônia os graves ataques da grilagem de terras, da mineração legal e ilegal, da extração ilegal de madeira e demais plantas e seres (biopirataria), dos extensos monocultivos para exportação regados a agrotóxicos do agro-negócio, da pecuária e dos grandes projetos de “desenvolvimento” (hidrelétricas, portos, ferrovias, exploração de gás e petróleo, etc). Muitos deles são altamente poluentes e responsáveis por danos socioambientais irreparáveis. O verdadeiro desenvolvimento é manter a floresta em pé e garantir aos pequenos agricultores condições para produzirem sem veneno e de forma sustentável. O atual governo está indo na contra-mão.
DESMATAMENTO. A Amazônia arde mais no Pará do que em qualquer região do país. Entre agosto de 2019 e 20 de julho de 2020 o desmate atingiu 47% do total desmatado. São Felix do Xingu desponta como o epicentro do problema, uma espécie de capital nacional do desrespeito ao meio ambiente. O município tem 84.212 quilômetros quadrados, o bastante para os responsáveis pela área dizerem que não têm condições de fiscalizar. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, um total de 5.15723 hectares, o equivalente a 214 Maracanãs, foi queimado ilegalmente. De acordo com as investigações, o desmata-mento da área de proteção ambiental Triunfo do Xingu foi financiado por um influente personagem da política goiana: o ex-deputado estadual Daniel Messac de Morais. Ele foi vereador em Goiânia por três vezes e empilhou três mandatos consecutivos deputado estadual. Messac é uma importante liderança goiana da Igreja Mundial do Poder de Deus, do pastor Valdemiro Santiago. A destruição empreendida na região foi tamanha que o Ibama imputou a Messac uma multa de 50 milhões de reais. O valor é o máximo que o Instituto pode cobrar dos infratores e só havia sido aplicado uma vez na história. Descobriu-se até que havia uma pista de avião de 750 metros de extensão e 50 metros de largura para as aeronaves despejarem sementes de capim na região, a fim de transformar a área num grande pasto. O Ibama também relaxou em multar infratores. Foram apenas 1.964 entre agosto de 2019 e julho de 2020, 42% a menos que nos doze meses anteriores. Por isso há outros desmatadores e invasores que não respeitam o meio ambiente em busca de riqueza rápida e fácil. Até hoje, só um empresário havia recebido multa de 50 milhões de reais. Trata-se de Edio Nogueira, proprietário de uma fazenda em Paranatinga, em Mato Grosso. Ele transformou ilegalmente 23.981 hectares de floresta em pasto para criar gado; até não desembolsou um centavo por causa da infração. Outro desmatador, João Kleber de Souza Torres, é prefeito de São Felix do Xingu; em 2018 ele foi preso, acusado de corrupção. No longínquo 2003 ele foi preso acusado de ser o mandante dos assassinatos de sete trabalhadores rurais e de um comerciante. Seu poder é tanto que dezenas de pessoas cercaram uma base da Funai na terra indígena Apyterewa, localizada na cidade, e ameaçaram funcionários que faziam uma operação contra o desmatamento ilegal.