Folhetim de 12 de setembro de 2023
OBLATOS DE MARIA IMACULADA
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, PAZ E INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO
JOSÉ GREGORI. Foi figura de proa na reconstrução da democratização do país pós 1964. Participou do Plano Nacional de Direitos Humanos, o primeiro da América Latina. Foi uma figura que pensou a redemocratização e a construção dos equipamentos públicos de promoção de direitos humanos no país. Foi um dos responsáveis pela instituição da Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos Políticos, a mesma que reconheceu como mortas as pessoas dadas como desaparecidas naquela época. Lutou para a criação da Comissão Nacional da Verdade que considerou um grande marco democrático. É fato que houve “dois Zé”. Aquele que participava das tardes da jovem guarda no Teatro Record com Roberto Carlos, Erasmo, sua esposa Maria Helena, para fechar a tarde e começar a noite. Foi ministro da Justiça, embaixador em Portugal e um dos fundadores do PSDB. Gregori foi um dos autores da “Carta aos Brasileiros”, em 1977, documento incontornável na trajetória pela democracia. O documento foi lido nas escadarias da Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco. No mesmo pátio, 45 e da integridade do sistema eleitoral. Foi um dos fundadores da Comissão Arns de Direitos Humanos, destinada ao monitoramento de violação de direitos humanos; às vezes abrigava em sua casa as reuniões. Ele foi ocupante da Cadeira 15 da Academia Paulista de Letras.
BELÉM DO PARÁ. Localizada no centro da cidade que será palco da Conferência das Nações Uni- das sobre as mudanças climáticas em 2025, a Vila da Barca está ao lado de um dos mais valorizados bairros de Belém, o Umarizal; e escancara as desigualdades da cidade. Lá vivem 7 mil pessoas. Dados do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento mostram que 83% da população de Belém não tem coleta de esgoto, e 23% não tem acesso à água. Em 2004 começaram várias obras; estava prevista a construção de 635 casas e outras importantes obras. O projeto foi parado e recomeçado em 2019. Os primeiros moradores chegaram no começo do século 20; já são mais de cem anos de resistência e de abandono do poder público.
7 DE SETEMBRO. É comum atribuir todos os males da colonização portuguesa à ocupação centra- da na tríade latifúndio, escravidão e monocultura de exportação. Não custa lembrar que a colonização do país teve início quando Portugal, com sua minúscula população, já afundara em sua profunda decadência. Mas antes já prestara contribuição decisiva à tecnologia, desvendando os segredos da navegação de longo curso e levando suas caravelas ao poente e ao levante: ao Alasca e ao Ceilão, “muito além da Taprobana”, como escreveu Camões.
GRITO DOS EXCLUÍDOS. Foi 29º; começou em 1995 por iniciativa de alas da Igreja Católica e de movimentos populares “Você em primeiro lugar” “Você tem sede e fome de quê? Racismo, letalidade policial, desemprego, violência contra a mulher, morosidade nos programas de habitação e reforma agrária, foram alguns problemas apontados em mais de 80 mobilizações pelo país afora.
REALIDADE. Informa o governo que 4,6 milhões de brasileiros vivem no estrangeiro. A maior par- te está concentrada nos Estados Unidos 1,9 milhão em Nova York; 254 mil em Portugal; 220 mil no Reino Unido e 206 mil no Japão. São dados de 2022. O “Centro Brasileiro para Refugiados” reconhece 65.811 pessoas refugiadas no país; venezuelanos em primeiro lugar. Quanto a brasileiros, o Paraguai continua sendo o destino favorito em 2021 chegavam a 246 mil. A imigração ilegal do Brasil para os Estados Unidos vai se convertendo em um problema sério entre os dois países. Neste ano aquele país mandou de volta 597; desde outubro de 2021, 8.969 pessoas foram repatriadas. Não é fácil tocar a vida em terra que não é sua; que o digam as crianças…