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JUPIC › 30/08/2022

Folhetim de 29 de agosto de 2022

OBLATOS DE MARIA IMACULADA
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, PAZ E INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO

Quando as pessoas disserem: paz e segurança!, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores sobre a mulher grávida; e não poderão escapar. 1Ts 5,3

7 DE SETEMBRO DE 1822

Ao voltar para Lisboa, muito a contragosto, em abril de 1821, Dom João VI deixava para trás dois brasis muito diferentes. Um Brasil era pequeno, tinha seu epicentro no Rio de Janeiro e arredores, um modesto vilarejo colonial que ia se convertendo numa cidade com traços e refinamentos de capital europeia. O outro Brasil – sonolento, isolado e ignorante. Esses dois brasis ignoravam-se mutuamente.

BRASIL 1. Tinha compositores, maestros, dançarinos, cantores, arquitetos, cientistas, professores, escolas de ensino superior, livros e jornais, fábricas de ferro, pólvora, tecidos, moinhos de farinha de trigo e lojas que vendiam as últimas novidades vindas de Londres e Paris trazidas por navios a vapor. Esse Brasil se exibia nos concertos do Real Teatro São João, nas Missas de Te-Deum na Capela Real, nas cerimônias de “beija-mão” no palácio da Quinta da Boa Vista, e nos salões frequentados pelo corpo diplomático, pelos oficiais e comerciantes estrangeiros; pelos barões do açúcar, viscondes do café, marqueses da pecuária, condes das minas de ouro e diamantes, e de gentis-homens do tráfico de escravos, o grande negócio econômico da época.

BRASIL 2. Esse era pobre, descalço e atrasado. Caçava e escravizava indígenas arredios que atacavam fazendas no interior da colônia; viajava a pé, em canoas ou no lombo de mulas que atravessavam estradas enlameadas e esburacadas; vivia em choupanas de pau-a-pique, chão de terra batida e cobertura de palha; praticava uma agricultura rudimentar, não sabia ler nem escrever. E não tinha acesso a qualquer informação sobre o que se passava alguns quilômetros além de suas comunidades isoladas.

BRASIL 3. A colônia tinha em 1822, cerca de 4,5 milhões de habitantes, divididos em 800 mil indígenas, 1 milhão de brancos assustados, 1,2 milhão de escravos africanos e seus descendentes, e 1,5 milhão de mulatos, pardos, caboclos e mestiços. Esta última parcela se espalhava pelo interior e vivia submissa às leis e vontades dos “coronéis” locais. A elite era formada por padres, advogados, militares e pequenos comerciantes. Por toda parte, os bebês eram alimentados por amas-de-leite negras. Era assim nas casas dos senhores de escravos no Brasil colonial e imperial. A família imperial acreditava ser mais saudável empregar nessa tarefa uma mulher branca europeia e católica. Dom Pedro 2o foi alimentado por uma colona suíça de Nova Friburgo, RJ. Por outro lado,
nenhum período da história brasileira testemunhou mudanças tão profundas, decisivas e aceleradas quanto aos 13 anos de permanência da corte portuguesa no Rio de Janeiro. Em uma década e meia o Brasil deixou de ser uma colônia fechada e atrasada.

BRASIL 4. “Diga ao povo que fico”. Decorada na escola, repetida nos filmes históricos, a frase talvez nunca tenha sido, de fato, dita por Dom Pedro 1o. O Dia do Fico foi a expressão de revolta de Dom Pedro que, ao ser convocado de volta a Portugal, rebelou-se e de uma das janelas do Paço Imperial no Rio de Janeiro, teria dito: “Como é para o bem de todos e felicidade da nação, estou pronto: diga ao povo que fico”. Manifestou, em cartas ao pai, o desejo de voltar à Europa. A elite brasileira, políticos e comerciantes, insistia que ficasse.

Agosto – 2022.

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